sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Começo, meio e fim

 


Em algum momento da vida, as crianças tem contato com a morte. Pode ser a morte daquele feijãozinho que ela plantou com tanto carinho no algodão, a morte de um peixinho, de um cachorro, ou até de um parente. A forma como lidamos com o assunto faz toda a diferença. Sei de histórias de mães que sem coragem para contar que o passarinho morreu, comprou outro rapidinho e colocou no lugar do finado pássaro. Não acho legal. A verdade (de acordo com o entendimento e idade da criança, claro!), é sempre melhor. A criança enganada questionou: - esse pássaro não parece o mesmo... A mãe, sustentando a mentira inventou que era porque haviam trocado a ração, então ele estava mais gordinho, e por aí foi...
Desde bem pequena, fui introduzindo o assunto na vida da Renata. Começando com as plantinhas, o feijãozinho mesmo (que ela amava cuidar, e ele crescia tanto, brincávamos que ia parar no meio das nuvens, como o do João e o pé de feijão!rsrs), mas em certo momento, o feijãozinho morria. Ela ficava tristinha, mas aí era hora de explicar, que tudo na vida é assim, nasce, cresce e morre. Depois vieram os peixinhos... Alguns ela sofreu, outros nem tanto. Quando a nossa cachorrinha morreu (depois de 16 anos, muito bem vividos!) a Renata estava com uns 5 anos... A Agatha já estava fraquinha fazia um tempinho, com alguns tumores pelo corpo, enfim, sabíamos que não iria demorar... Um dia ela amanheceu passando mal... Meu marido enrolou ela no cobertor e ele e minha sogra foram para  a clínica veterinária, sabendo que ela provavelmente não voltaria mais... Lembro do carro saindo e do meu marido dizendo para a Renata se despedir, talvez ela não voltasse pra casa. Ela se despediu, e quando foram embora começou a chorar, e disse que não queria que a Agatha morresse... O tempo passou, e dias depois chegou uma cartinha do veterinário, dizendo que nossa cachorrinha estava bem e feliz, no céu dos cachorros, brincando com muitos amiguinhos! Aquilo acalmou o coração da pequena, confirmamos  a carta, e assim ela entendeu que tudo na vida tem seu começo, meio e fim. Claro que o fato de termos outra cahorrinha (uma daschund muito fofa!) ajudou um bocado, mas a Agatha era única, como cada ser vivo é.
Ano passado minha amada vó faleceu. Foi duro, mas também sabíamos que o fim estava próximo, porém nunca estamos preparados quando acontece. Na ocasião do enterro, perguntei se a Renata queria ir, ela como sempre, diplomática, respondeu: vcs que sabem. Disse a ela que não, essa decisão era dela, ela tinha que decidir. Ela preferiu não ir. Claro que o contato que ela teve com a Bisa foi muito diferente do contato que tive com a minha vó, logo a relação era muito diferente. Mas ela sentiu mais por me ver tão triste. Faz parte, "curtir" a tristeza, chorar, viver isso da forma que vc achar melhor, mas nunca, nunca esconder seus sentimentos.
E assim a vida segue, ver nossos filhos sofrendo nos faz sofrer ainda mais, mas esse é o tipo de situação que não depende de nós, não temos como evitar.
Dedico esse texto para minha amiga Alessandra Linhares e sua família (em especial seus filhos), que hoje perderam uma grande companheira, a Kimmy...

PS* O livro que ilustra esse post trata do assunto morte de uma forma bacana e com um final feliz!
Baci
Thati

4 comentários:

  1. Que delícia de post!
    Mas é duro sim...acho que pra nossa cultura viu? Minhas filhas - as mocinhas - tb não lidam bem com este assunto. Mas quem lida??? Independente da idade,é duro! Dependendo de quem foi, é mais duro ainda! Mas faz parte da vida né???
    bjs

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    1. Verdade Lu, esse assunto não é fácil, para nossa cultura ainda mais difícil. De acordo com a minha fé, no futuro encontrarei meus queridos, que estão agora com o Pai... Mas a saudade fica, aquela sensação de vazio que só aquela pessoa preenchia... O tempo passa, a dor diminui, e ficam as boas recordações e a esperança no futuro estarmos todos juntos, pra sempre! :o) Baci

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  2. Verdadeiro pessoa...parabéns..a morte é natural mas nem por isto é fácil aceitar... bj Du

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    1. Verdade marido, e mesmo tendo se passado 9 anos, hoje todos lembramos da morte da pequena Marina... O tempo ameniza a dor, mas a saudade do que não vivemos continua...
      Baci

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