quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Crianças Terceirizadas

Ontem fomos (Renata e eu) ao cinema com a minha irmã. Como de costume, observei muitas mães com suas sacolas de compras e a babá ao lado, empurrando o carrinho do bebê. No retorno para casa, me lembrei de um post feito em um blog que causou o maior alvoroço na blogosfera materna. O post tinha como título "dicas de como viajar com a babá". Tirando o tom arrogante com que a dona do blog se referia a babá, o que mais deixou as mães indignadas foi o descaso da mãe com o filho pequeno. Ela chegava a dizer que foi ótimo ter levado a babá nas férias porque assim podia sentar na cadeira de praia e ler uma revista enquanto o rebento era entretido pela babá... Então me lembrei do tíltulo de um livro e procurei no google, logo encontrei essa entrevista maravilhosa, com um médico pediatra com mais de 40 anos de consultório (sinal de que já viu e ainda vê muita coisa!), e vários livros escritos sobre as crianças. Segue o link da entrevista, assistam, vale muito a pena!

http://www.youtube.com/watch?v=w1CvvDWkd_0

Comentava com a minha irmã de que às vezes eu tinha a impressão de que estava ficando doida, será que só eu acho, no mínimo descabido, uma mãe que vai na igreja e leva junto a babá?  Ah, ela não convidou a babá para assistir ao culto, ela levou a babá para que ela ficasse na salinha com as crianças. Ok, vc vai dizer que talvez ela não tenha confiança nos professores da salinha, então que ela mesma ficasse com as crianças! Ah, mas ela que assistir ao culto... Na igreja que frequento os cultos são gravados, vc pode assistí-lo em casa (sim, não é a mesma coisa, não tem a comunhão com os irmãos, mas essa fase da criança pequena vai passar, e vc poderá retornar aos cultos normalmente).
É normal, a mulher ir ao shopping fazer compras com um bebê, e levar junto a babá? Aí vão dizer: ah, mas ela paga a babá, tem que aproveitar o serviço. Entendo uma mulher que trabalha fora, que precisa ajudar no orçamento familiar, e por isso contrata uma babá para que essa cuide da criança no período que a mãe está ausente. Mas uma mãe, que não trabalha fora de casa, e contrata uma babá para não precisar se ocupar com a criança, desculpa, mas isso não entendo.
E aos finais de semana, com as pracinhas lotadas de "mulheres de branco", e mães e pais ao celular, sem nem sequer lançar um olhar para o filho.
O Dr. José Martins Filho está certíssimo em levantar a questão:  será que vc que pensa em ser mãe ou pai, tem vontade e disposição de educar uma criança? Como uma mãe tem coragem de dizer que não tem paciência com crianças, por isso deixa com a babá? Crianças exigem tempo, de qualidade e em quantidade, como bem disse o Dr, se engana quem pensa que um beijinho e "eu te amo" já resolvem tudo. É preciso investir tempo, e não só dinheiro em mil e uma atividades para as crianças ficarem ocupadas.
O que eu penso é que a vida é feita de escolhas, ter um filho é uma escolha seríssima, requer amor, comprometimento e dedicação, e não tem nada de errado em não querer ter filhos, errado é ter filhos e tercerizá-los.

Baci
Thati

8 comentários:

  1. Acho difícil eu comentar, pois é uma realidade tão adversa da minha! Nunca tive babá, criei as meninas com ajuda de escolinha e nunca deixei babá na salinha da missa, hehe. Ou levo junto na missa, pois afinal precisam aprender também a se comportar em situações sociais e religiosas, ou até já deixei na salinha quando tínhamos alguém que cuidasse.

    Então, como leiga total sobre o assunto, só posso achar! E eu acho que quem quer ter filhos, tem mesmo que assumir a responsabilidade integral. Deixar com babá para trabalhar, beleza. Abusar da situação, acho que não. Mas fala sério amiga! Quem pode pagar para uma babá acompanhar em shopping tá podendo e não tá prosa. Vc está sugerindo uma luta de classes!
    beijus

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    1. Essa mãe que passeia com a babá e o filho pelo shopping poderia dizer para mim: vem cá meu bem, o que vc tem com a forma com que eu lido (ou deixo de lidar) com meu filho?Minha resposta: sabe, é da minha conta sim, a partir do momento em que vivemos em sociedade, e cada vez mais vemos e ouvimos casos de meninos e meninas nascidos em berço de ouro que jogam alcool em mendigos e colocam fogo para se divertir, em marginais na classe média alta, que roubam para ter adrenalina, sem falar na quantidade de dependentes químicos que fazem parte dessa classe social. Então o problema é meu sim, porque um dia a minha filha pode encontrar um delinquente desses, dirigindo bêbado, ou um playboy, querendo apenas se divertir importunando ela, enfim, a violência está aí, e certamente, se os pais dedicassem mais tempo aos filhos, muitos desses problemas não aconteceriam. Foi o que eu escrevi e o médico pediatra disse, uma coisa é vc trabalhar e ter uma babá ou uma escola que cuide da criança nesse período, outra totalmente diferente é vc ter um filho e não querer mudar nada na sua vida, continuar fazendo hora extra todo dia, ter sua carreira como prioridade em sua vida, sua vida social como prioridade... Isso sim é revoltante, não há sentido em ter um filho para negligenciá-lo dessa forma.
      Baci

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  2. Certíssima Dona Thati!!!
    Pergunta se eu assisto jornal???
    Pergunta se eu assisto novela???
    Aqui é só desenho! hahahah
    Sinto falta? Lógico que sinto! Mas daqui a pouco essa fase passa, e eu volto a fazer minhas coisinhas!
    bjs

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    1. É Lu, vc que já é mãe de duas mocinhas sabe que elas crescem e depois já não necessitam da nossa companhia o tempo todo, precisam do espaço delas, e vc recupera o seu. Pena que tantos pais deixam passar a infância dos filhos, e quando se dão conta, esses cresceram e já não querem mais a companhia dos pais. Lu, vc é uma super mãe, dessas leoas mesmo, que faz tudo pelas filhas, elas sempre vão te admirar por isso!
      Baci

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    2. E passa tão rapido, ne? Com o Lucca to curtindo cada segundo de "trabalho" que ele dá kkkkk pq depois eles crescem e a gente sente falta!!!!
      Quanto as babás, tb acho isso absurdo... tive uma vizinha em Porto Alegre, que tinha 2 babás para 2 filhos, folgas em findis alternados... ou seja, nem de final de semana ela ficava com as crianças... teve filho pra que, eu me pergunto!!!

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    3. É Maria, curte mesmo seu Lucca, vc que tem 2 filhos crescidos sabe como o tempo vôa! Quanto a essas mães que tem filhos para as babás (e escola) criarem, já passou da hora de pararem de serem egoístas e pensarem mais nas crianças. Fica a dica para quem ainda não é mãe, nunca queira ter filhos para atender aos pedidos da família, da sociedade, ou seja lá de quem for, a responsabilidade é sua, o filho vai ser seu!

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  3. Os pais que não curtem os filhos de verdade... vendo e ajudando nos primeiros passinhos... deixando se sujar com as primeiras papinhas.. vendo as variadas carinhas ao experimentar tanta novidade... não participar de cada descoberta, não podem dizer que são pais na minha opinião. É super fácil ter 3,4,5 filhos tendo dinheiro e uma babá pra cada um e realmente é problema e opção de quem escolheu. Mas viver a cada dia e a cada momento todas as etapas dos filhos não tem preço, mesmo as fases difíceis. E eu não tenho problema nenhum em falar que hoje só trabalho em casa, opção minha, para poder dar a atenção e carinho que minhas filhas precisam. Mas cada um... cada um né?! Bjs.

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    1. Pois é Eli, o problema é que vivemos em sociedade, então é "cada um, cada um" até a página 2... Porque como eu escrevi para a Marli, os números apontam para uma crescente violência justamente na classe média alta, filhos de pais que nunca se importaram e acham que com dinheiro tudo é permitido. Um dia, esses filhos podem se encontrar com as nossas filhas, e aí, como vai ser? A mulherada tem que refletir sim sobre a maternidade (e os pais também, claro!) consciente, porque engravidar e ter um filho é a parte mais fácil, a mais difícil é ser mãe de verdade, educar dia após dia, isso exige tempo, determinação e muita, mas muita dedicação. Quem não está disposto a "gastar" esse tempo com uma criança, não deve ter filhos, certo?
      Baci

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